Houve uma explosão de adaptações de obras literárias para os quadrinhos em 2006 quando o governo, por meio do PNBE (Programa Nacional Biblioteca da Escola) incluiu a compra de livros em quadrinhos.
Muitos livros foram adaptados, e uma boa parte, obras de Machado de Assis, algumas inclusive ganharam prêmios, como O Alienista, adaptado por Fabio Moon e Gabriel Bá, que levou o Jabuti em 2008.
Mas não se trata de algo novo esse boom de adaptações.
Tudo começou lá no final dos anos 40 quando o jornalista Adolfo Aizen, que estava à frente da EBAL, uma das maiores editoras do país, responsável pela popularização do quadrinho no Brasil, comprou a licença para publicar obras literárias.
A coleção se chamava Edições Maravilhosas.
Assim, a primeira publicação em terras tupiniquins foi o clássico Os Três Mosqueteiros em 1948.
E somente em 1950 tivemos a primeira obra literária brasileira adaptada para os quadrinhos. O Guarani, de José Alencar.
O propósito com a publicação foi fortalecer a importância dos quadrinhos no mercado editorial para acabar com o preconceito com as histórias em quadrinhos junto ao grande público.
Apesar de início não haver uma preocupação pedagógica, verdade é que neste período tais publicações contribuíram para a popularização dos nossos clássicos.
Muitos escritores literários já consagrados como Menotti Del Pichia, Jorge Amado, entre outros, passaram a defender os quadrinhos.
E aqui houve uma mudança. Se nos Anos 40 e 50 a aproximação com as obras clássicas ajudaram a diminuir o preconceito com as histórias em quadrinhos, em 2006 a grande motivação foi o de trazer, por meio dos quadrinhos, o público para a leitura das obras clássicas.
Nos últimos anos houve muitas discussões, com defensores para os dois lados, sobre o valor de uma adaptação em quadrinhos de uma obra clássica.
Os que defendem a publicação de uma obra clássica adaptada para os quadrinhos alegam que, sim, é possível aproximar o leitor de modo que ele queira, mais tarde, se aprofundar, por exemplo, e ler a obra clássica em prosa.
Os detratores alegam que uma publicação em quadrinhos tem o mesmo valor que uma obra resumida em prosa de uma obra clássica; ou seja, nenhuma, pois em ambas as adaptações mais afastam o leitor do que a aproximam e o principal motivo é que simplifica demais a ponto de empobrecer uma possível leitura, criando frustrações caso o leitor passe para o original.
O fato é que do ano de 2006 para cá, a produção caiu bastante, parece que o grande momento foi entre 2006 e 2012, para esse tipo de publicação, havendo mudanças no edital para compras do PNBE (as últimas foram bem polêmicas, por sinal).
Hoje, muitas editoras estão receosas pois há pouco tempo houve um enorme atraso no pagamento que gerou problemas para as editoras, sendo, inclusive, um dos indicadores do início da crise que ainda vive nosso mercado editorial.
Se nos perguntarem de que lado estamos, podemos dizer que defendemos tal tipo de publicação, pois acreditamos que os quadrinhos são também um ótimo meio para incentivar a leitura.
E tanto acreditamos que temos nossos livros em quadrinhos que vão além da adaptação; em um deles, misturamos a biografia do escritor com os seus personagens literários, como no caso de Machado de Assis: caçador de monstros.
Na história, temos o jovem Machado de Assis ao lado de seus principais personagens literários (Brás Cubas, entre outros), resolvendo uma série de mistérios no Rio antigo do século XIX.
Também temos uma aventura em quadrinhos que se passa na Semana de Arte Moderna. Em Estella Vic: 1922 e o Manifesto Futurista, a repórter Estella Vic investiga uma artista que quer explodir o Teatro Municipal no primeiro dia de exposição da Semana de 22.
E você? De que lado está? A favor ou contra a publicação de obras clássicas adaptadas para os quadrinhos?
Produzimos livros em quadrinhos e desenvolvemos projetos culturais para o setor da Economia Criativa.